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Anticoncepcionais X trombose
Este assunto: anticoncepcionais X trombose, tem se tornado frequente nos últimos meses, principalmente nas redes sociais, e por isso acabou se tornando assunto frequente também nos consultórios médicos, em especial nos especialistas em ginecologia. Para esclarecer dúvidas sobre o assunto e explicar a importância da orientação médica na escolha do contraceptivo ideal para cada mulher, a médica Vanessa Teles Souto descreve informações importantes:
- Nem todas as mulheres se preocupam quando o assunto é anticoncepção. Comumente atendo pacientes que fazem uso de anticoncepcionais hormonais orais "indicados" por amigas e comprados na farmácia, sem a devida prescrição médica. E para elucidar e talvez até despolemizar, eu escolhi este texto, que adaptei do original retirado da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Minas Gerais, o qual explica de forma simples e clara este tema.
O primeiro passo para iniciar e até mesmo melhorar a contracepção consiste na individualização e ajuste na escolha do método contraceptivo. Os médicos podem ajudar na escolha com base no cotidiano, necessidades e preocupações de cada mulher.
A pílula anticoncepcional é o método contraceptivo mais utilizado no mundo, e assim como todo medicamento aprovado pelos órgãos reguladores, já foi testada e aprovada. É uma forma de anticoncepção que preserva a fertilidade da mulher, mesmo após longos períodos de utilização. Além disso, é reversível, ou seja, quando a mulher desejar engravidar, basta cessar seu uso para que volte a ovular. A pílula anticoncepcional tem diversos benefícios, e não apenas prevenir a gravidez. O uso dela pode aliviar os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM), reduzir a dismenorréia (cólica) e reduzir o fluxo menstrual excessivo, além de ser usada no tratamento da síndrome dos ovários policísticos.
Os hormônios presentes na pílula agem, de modo geral, de forma positiva no organismo feminino, no entanto é importante lembrar que toda medicação tem efeito adverso, e pode estar associada a riscos e efeitos colaterais indesejados, e justamente por isso, deve ser avaliado e observado o perfil de cada paciente, como por exemplo, saber o histórico pregresso de doenças da própria paciente, assim como da família também.
Temos diversos tipos de anticoncepcionais disponíveis. Os mais comuns são os anticoncepcionais à base de estrogênio e progesterona que representam a maioria das pílulas, o anel vaginal, o adesivo e a injeção mensal. Existe, também, os anticoncepcionais à base de progesterona isolada comercializados em forma de pílula oral, injetável trimestral, implante de progesterona, e dispositivo intrauterino (DIU) de progesterona. Há também os métodos não hormonais, como DIU de cobre, diafragma e a camisinha, que é o mais conhecido, e que além de trazer como benefício à contracepção, evita também às doenças sexualmente transmissíveis.
Todos os métodos que contém estrogênio em sua formulação aumentam o risco de desenvolvimento de trombose. Esse risco varia de acordo com a dosagem de estrogênio, tipo de estrogênio e o tipo de progesterona associada. Apesar dos riscos, se bem indicadas, as pílulas anticoncepcionais podem trazer melhora na qualidade de vida da paciente. Embora raras, complicações cardiovasculares podem ocorrer. Vamos aos números:
O risco de tromboembolismo venoso em mulheres que não usam pílulas anticoncepcionais e que não estão grávidas é de aproximadamente 4 a cada 10.000 mulheres por ano. Esse risco dobra em mulheres que usam pílulas anticoncepcionais combinadas de baixa dosagem, variando de 8 a 10 a cada 10.000 mulheres por ano. E de forma bem mais expressiva, esse risco aumenta e muito quando a mulher está grávida ou encontra-se no período pós-parto, chegando a 30 casos a cada 10.000 mulheres por ano.
Orienta-se que mulheres que possuem histórico de trombose, hipertensão, câncer de mama e diabetes na família, informem essa condição ao médico antes de dar início ao uso de pílulas anticoncepcionais, para evitar futuros problemas e para tentar diminuir os riscos escolhendo de forma mais adequada o melhor anticoncepcional.
Todo anticoncepcional deve ser prescrito e indicado por um médico e deve ter um controle periódico. Vale lembrar que o critério mais importante para a escolha de um método anticoncepcional é a opção feita pela paciente. O médico tem importante papel em orientar e ajudar nessa escolha com base na realidade, nas necessidades e nas preocupações da paciente.
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