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Ceratocone, uma doença silenciosa

  A paixão pelas trilhas de moto e a descoberta do Ceratocone, doença que afetou a visão e levou o jovem anitense Rodrigo Carneiro, aos 32 anos de idade, a abandonar o esporte que tanto gostava.
  Na verdade, Rodrigo já sentia os primeiros efeitos da doença, desde a escola, quando fez testes de visão e percebeu que algo estava errado com a dificuldade em enxergar, porém a falta de recursos foi prolongando a busca por consultas especializadas e algum tratamento. Em 2004, com a ajuda da mãe, ele conseguiu realizar a primeira consulta e começou a utilizar lentes rígidas, que não deram certo. Rodrigo não se adaptou, resolveu usar óculos, o que não foi suficiente e entre as tentativas, os anos foram passando e em 2011, já com um emprego melhor e com condições de arcar com todo o tratamento, ele iniciou a jornada que incluiu quatro procedimentos cirúrgicos, entre eles o transplante de córnea.
  O Ceratocone é uma doença que afeta o formato e a espessura da córnea, provocando a percepção de imagens distorcidas. A evolução do Ceratocone é quase sempre progressiva com o aumento do astigmatismo e miopia e acentuada baixa de visão. No caso de Rodrigo, o olho afetado foi o direito e a dificuldade para conhecer as pessoas na rua, dirigir e principalmente fazer as trilhas de moto aumentavam cada vez mais.
  Durante a conversa com a equipe do Correio dos Lagos, Rodrigo, ao lado da esposa Paola, explicou todo o processo que iniciou em Joaçaba/SC e após dois anos encontrou um centro especializado na cidade de Joinville/SC. Lá, na primeira consulta já descobriu que seu problema era sério. Dentre os quatro estágios da doença, o olho direito estava no quarto estágio e o esquerdo entre o primeiro e segundo estágio e ali já começaram os procedimentos cirúrgicos. "No olho direito tentamos todos os procedimentos que a tecnologia apresentava até chegar ao transplante de córnea.", comenta Rodrigo. Durante o procedimento, o médico optou por usar uma técnica que oferecesse menos risco de rejeição à nova córnea, mas mesmo assim a ameaça de rejeição aconteceu, além do PDF - Pupila dilatada fixa (Síndrome de UrretsZavalia) que afeta a íris do olho fazendo com que ela abra e não feche mais, com isso a sensibilidade a luz era constante e a utilização de óculos escuro mesmo em lugares fechados permaneceu durante um ano.
Um ano após a cirurgia de transplante de córnea e utilizando óculos escuros, Rodrigo teve catarata no olho operado e em setembro de 2016 lá ía ele para mais um procedimento cirúrgico, agora para operar a catarata e na mesma cirurgia tentar fechar a íris. O médico disse para Rodrigo que somente durante a cirurgia iria avaliar se costuraria a íris ou colocaria uma artificial para melhorar esteticamente, e a opção por costurar foi a escolhida, o que amenizou um pouco a sensibilidade a luz.
  Rodrigo lembra que o apoio da empresa BAESA, a qual ele trabalha foi fundamental, também o apoio de Julio Pinheiro enquanto secretário de Saúde, sendo que só depois que ele assumiu, conseguiu algum apoio da administração municipal para auxiliar nas viagens e tratamento e o apoio da família e amigos também foi fundamental, afinal, todo mês ele necessitava se deslocar a Joinville para consultas e cirurgias, e foram os amigos e familiares que o acolheram.
  Hoje, enxergando cerca de 70% com o olho direito, usando óculos e um ano após a última cirurgia, Rodrigo resolveu vender a moto de trilha e iniciou um novo esporte. A bicicleta passou a fazer parte da rotina e com grupo de amantes pelo esporte, ele começou a acompanhar as trilhas de bike e se adaptar à nova realidade, mas ele acredita que a tecnologia está avançando e logo poderá realizar novos procedimentos e quem sabe voltar a fazer o que tanto gosta, que é juntar - se aos companheiros de trilha de moto e desbravar os caminhos sinuosos em duas rodas.

 

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