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Aos 16 anos de idade ele foi apresentado às drogas

O sonho de se tornar um profissional de educação física, levou Luiz Fernando Batista, na época com 16 anos de idade a iniciar o tão sonhado curso superior na cidade de Lages. A empolgação de um jovem que tinha acabado de concluir o ensino médio era enorme, tudo era novo e desconhecido, inclusive o mundo das drogas

 Depoimento de um ex - dependente químico

“Quando cheguei na faculdade conheci pessoas que me mostraram um mundo novo, fictício. Conheci um rapaz que me apresentou a cocaína. Quando usei a primeira vez foi tão bom, uma sensação de superioridade, adrenalina e em questão de 3 a 4 meses eu já estava totalmente viciado, me sentindo um lixo. A droga me proporcionou momentos mínimos de satisfação.

Na faculdade eu estudava e pensava nas drogas, festas e baladas. Com 17 anos comecei a usar drogas na semana ou nos finais de semana. Nessa época eu morava em Campo Belo, saía da faculdade e só voltada para casa no horário de trabalhar, deixando meus pais preocupados. Com 18 anos de idade eu já estava usando drogas todos os dias. Eu usava a noite, mas antes de usar eu tomava uma garrafa de wisky, precisava ficar bêbado para depois me drogar, pois a cocaína cura qualquer porre.

Nesse período decidi me mudar para Lages, já não fazia mais faculdade e trabalhava das 13h30 às 22h. Saia do trabalho e ia direto procurar um traficante. Eu vagava a noite toda, percorria as ruas a pé, pois não tinha carro, e me drogava em qualquer beco que encontrava. Nesse período comecei a manipular minha mãe para conseguir dinheiro e usar drogas. Eu dizia que tava precisando comprar coisas e ela prontamente me ajudava. Eu ia lá sem dó e sem respeito por ninguém e comprava droga. Costumava ir para hotéis e ficava lá por 4 ou 5 dias. O dono era meu amigo e sabia que eu era usuário e ele me deixava lá. Eu não me alimentava, não tomava líquido, só usava droga. Muitas vezes ficava mais de 12 horas sem me mover, olhando apenas para um ponto fixo, sentado na cama, pois a cocaína atinge diretamente o sistema nervoso. Eu já sabia que estava no lixo e era muito triste, mas não conseguia sair, não conseguia desistir. Abandonei a minha família, a faculdade e ficava sem dar satisfação a todos. Aquilo foi me matando aos poucos.

Mas não satisfeito, voltei a manipular a minha mãe e pedi para ela um carro. Elaborei toda uma história de que eu estava bem, estava trabalhando. Eu era usuário mas eu trabalhava e minha mãe me deu um carro, só que não dei valor principalmente a minha mãe e ao meu pai.

Quando eu vinha de Lages para Campo Belo chegava em casa apavorado, pois a droga alucina, deixa em pânico. Vinha de Lages aqui enxergando carros me perseguindo, polícia atrás de mim e não queiram saber que ruim que é a sensação de pânico e não ter domínio sobre o próprio corpo. Eu nunca roubei, mas muitas vezes comprava produtos em parcelas e entregava para o traficante, e minha mãe que pagava. 

E foi então que um dia decidi parar de trabalhar e fiquei só usando. Decidi voltar pra Campo Belo, e chegando aqui comecei a traficar. Eu traficava não em Campo Belo, levava para Lages e me coloquei a disposição dos “amigos” traficantes. A primeira viagem que fui buscar droga, foi em Itajaí, quando eu trouxe 1kg de cocaína. A gente preparou e começamos a vender, eu tive um lucro de 10 mil reais e usei tudo em cocaína. Eu traficava para usar droga. Não tinha nenhum bem, vendia roupas para conseguir dinheiro, pegava dinheiro de agiota e fazia de tudo para poder usar. A droga é horrível. 

Nesse período conheci uma pessoa, me relacionei com ela e a gente foi morar junto e já começou um relacionamento complicado, pois eu era usuário e ela não. Com o passar do tempo fui pressionando para ela partilhar comigo o que eu estava vivendo e infelizmente essa pessoa cedeu para mim, cedeu para a droga, para o lixo... e hoje esse é um dos meus maiores arrependimentos, pois quando você está se afetando é uma coisa, mas quando você destrói outra pessoa é horrível.

 Passado algum tempo decidi parar de usar drogas, não queria mais traficar, nem usar. Um mês se passou e eu tive uma explosão da falta da droga, foi quando  quebrei uma casa inteira a socos e chutes."

”Um passo de cada vez ...dia após dia. Existem coisas mais interessantes na vida do que as drogas. Se cuidem, se amem, sejam inteligentes e saibam dizer não." Luiz Fernando Batista

Depoimento da mãe Márcia Hasse
 
A gente começou a perceber a diferença daquele filho querido por todos, que visitava os visinhos todos os dias,  que foi crescendo uma pessoa do bem, com amigos bons e depois dos 16 anos de idade na busca de um sonho que virou pesadelo, abandonou todos os amigos do bem e estava no fundo do poço.
Ele já não abraçava os pais, não era mais atencioso e não me olhava mais nos olhos, mas quem convive diariamente com a pessoa não enxerga. Víamos as mudanças, mas não queríamos acreditar, não queríamos enxergar.
 Quando ele quebrou a casa inteira, os “amigos” não apareceram e quem foram chamados por primeiro foram o pai e a mãe. E foi aí que começou a nossa peregrinação em busca de uma clínica. Dia 29 de outubro de 2010, numa sexta-feira, foi  quando tudo aconteceu e nós só iríamos conseguir interná-lo na segunda-feira em uma clínica particular em Ibicaré - SC. Sem dinheiro, fomos em busca de ajuda. 
Faziam cinco anos que ele usava droga e quem financiava éramos nós. Nesse momento eu me senti um lixo, imaginava que tudo o que tinha feito não tinha prestado, imaginava que tinha dado muita liberdade e falta de limite, pois era o filho caçula.
Na clínica ele  ficou 45 dias e no 16º dia ele tentou manipular novamente, escreveu uma carta que emocionou a todos pedindo perdão, só que era uma forma para imaginarmos que ele estava bem e trouxessemos ele para casa, e se nós cedêssemos talvez ele não tivesse aqui para contar essa história. Acompanhamos muitas histórias assim lá na clínica de dependentes, que deixavam a clínica e numa primeira oportunidade corriam para as drogas e por dívidas os traficantes os matavam.
Fizemos todo um acompanhamento, todas as quintas-feiras íamos na clínica, e tivemos que aprender a trabalhar com essa doença.
Após dois anos que ele saiu da clínica a gente relaxou, ele já saía a noite e saía sozinho. Até que nesses dois anos ele resolveu buscar um carro em Blumenau, foi daqui com conhecidos, mas na volta resolveu não esperá-los e voltou sozinho. Chegando perto de Lages teve a vontade de procurar o traficante e a recaída aconteceu. 
A noite chegou e a preocupação da esposa fez com que ela nos avisasse que ele não tinha chegado em casa. Avisamos a polícia de Campo Belo e de Capão Alto e fomos daqui a Capão Alto caminhando na beira da estrada procurando pelo carro capotado ou algum vestígio dele. Os irmãos já estavam certos que ele tinha voltado as drogas, até que alguém o viu e o encontramos. Então começou todo o calvário novamente e nessa época outras pessoas estavam envolvidas, pois agora ele tinha uma família, filhos.
Depois da recaída ele perdeu a amizade dos irmãos, pois ele traiu a confiança deles. Hoje, ele já reconquistou a amizade, mas a confiança não. Atualmente ele é vigiado a todo o momento e não escondemos de ninguém o que tinha acontecido.
Hoje, ele não pode por uma gota de álcool na boca, nem vinagre ele utiliza em casa. É um trabalho árduo de vigilância e de controle de dinheiro. É bem complicado. Mas o meu recado é para que  outros pais não derramem nenhuma lágrima como eu derramei. Quando você pega seu filho fumando pela primeira vez abram “o olho”, cuidado que por trás pode estar a maconha.”
 
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