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Dez meses na Turquia e uma bagagem com muito conhecimento

Augusto Cesar Pacheco comemorou seus 18 anos na Turquia. O anitense que embarcou no dia 28 de agosto de 2024, rumo a um Intercâmbio cultural realizado através do Rotary, para as terras Turcas, destaca em uma conversa com a equipe do jornal Correio dos Lagos, como foi a experiência de fazer um intercâmbio, passar dez meses em outro país, com costumes, cultura e ideologias diferentes e o que ele trás de aprendizado após esse período.
Correio dos Lagos – Augusto, sempre foi seu sonho fazer intercâmbio?
Augusto Cesar Pacheco – Não era um grande sonho, mas surgiu a oportunidade e eu abracei. Participo do Rotary há anos, comecei no Rota Kids, depois para o Interact, e um dia estávamos em uma reunião, e o governador do distrito veio para Anita e estava falando sobre o programa de intercâmbio, me interessei e conversei com a pessoa responsável no club e no distrito e começou a avaliação da idade e entramos no programa pela primeira vez, e fui para uma avaliação, através de prova, na minha lista tinha os países da América Latina e a Turquia, me desafiei e escolhi a Turquia e lá fiquei esses dez meses, durante o ano estudantil.
Correio dos Lagos – País escolhido, o que pensou quando escolheu a Turquia?
Augusto – Fiquei curioso com esse país tão diferente, não tinha muito conhecimento sobre, aí fui pesquisar. Pesquisei, vi a história que é muita rica, estava indo, no que podemos dizer ao centro do mundo, um país Bi-continental ou seja, estava na Europa e na Ásia, próximo a África. É um país muito cheio de história, então estava animado com isso. Lá tem lugares muito famosos e importantes como a Capadócia, Istambul, Izmir entre outros. Para a nossa religião a região também foi muito importante, vários santos vieram de lá, por exemplo Santa Bárbara padroeira de nossa cidade, veio da Capadócia. Lá tem uma cultura muito diferente de nós mas muito bela, passei por muitos desafios mas todos me ajudaram a crescer.
Correio dos Lagos – Você já saiu do Brasil com local certo para ficar, como foi sua estadia na Turquia?
Augusto – Sim, já sai de Anita sabendo em qual família iria ficar. O período em que estive lá. Estive em três famílias, cada uma diferente da outra, o primeiro momento foi mais difícil a adaptação, afinal você está vivendo com pessoas que até então eram desconhecidas e também para eles porque era preciso acolher a um jovem estranho e do outro lado do mundo que não entende nada da língua deles. Mas com o passar do tempo, as adaptações foram acontecendo, por isso digo que um dos maiores aprendizados que trago comigo, é a adaptação, pois precisei me adaptar muito em vários sentidos nesses dez meses.
Durante esse período também fiz muitas amizades com outros intercambistas do mundo todo, tanto intercambistas do programa do Rotary, quanto amigos que encontrei na minha cidade, fiquei amigo de pessoas do mundo inteiro, da Itália, Polonia , México, EUA, Colômbia, Egito, Síria, Taiwan entre vários outros países da região.
Também fiz muitas viagens onde conheci lugares turísticos encantadores, com muita história e uma natureza de tirar o folego, como Pamukkale, Capadócia, Istambul, Éfeso, Kayseri e Ankara a capital da Turquia
Correio dos Lagos – Como era a comunicação?
Augusto – Eu falava inglês e por sorte todas as famílias que eu passei falavam, lá tive um desenvolvimento muito grande do meu inglês, então foi um pouco mais tranquilo, e nesse período tive aulas de turco, então aprendi a falar o básico e no final já estava me arriscando um pouco mais, já conseguia me virar. O turco é uma língua muito complexa e difícil.
Correio dos Lagos – Você frequentou a escola lá, como era o estudo?
Augusto – Eu estudava das 8h45 da manhã as 16h, depois voltava para casa e tinha aulas de turco. O ano escolar lá inicia em agosto e termina em junho, então eu frequentei um ano inteiro de estudos que é semelhante ao nosso, porém com algumas disciplinas diferentes. Lá eles têm muito respeito a pátria onde eles cantam o hino toda segunda e sexta-feira. Agora aqui no Brasil, estou buscando recuperar o ano letivo, finalizando o terceiro ano, já que o estudo realizado lá, não conta para o ano letivo aqui.
Correio dos Lagos – Quais as maiores dificuldades quando chegou lá?
Augusto – Penso que foi diferente, saí de uma cidade com 8 mil habitantes para uma cidade com 4 milhões de habitantes. Tive que aprender a usar transporte público como ônibus e metrô. A cidade que morei foi Adana, uma realidade totalmente diferente da minha. Comida diferente, religião diferente, a religião predominante lá é o Islamismo, costumes diferentes e longe da família, mas me adaptei bem e hoje vejo que essa palavra passou a fazer parte da minha vida, pois mudei bastante e me adapto facilmente as novas realidades.
Digo que existe três fases no intercâmbio: a primeira fase você é convidado, tudo é novo, lindo e maravilhoso, depois você deixa de ser convidado e passa ser membro da família e esse foi o momento mais difícil para mim, pois nada mais era novo e você precisa viver a realidade, tudo vira rotina, aí quando você se adapta de verdade, faz amizades, já está inserido no meio, ai é perto da hora de vir embora. Nas famílias, minha obrigação era com meu quarto, mas sempre busquei ajudar no que era preciso, pois eu não era visita.
Correio dos Lagos – Você falou da alimentação, conseguiu se adaptar?
Augusto – A comida é muito boa, pratos tradicionais como o Kebab e o Doner entre outras, também o chá é muito consumido, o café não é coado, eles tem o iogurte salgado, esse confesso que não gostei, mas no geral a comida é boa e bem tradicional.
Correio dos Lagos – O que trouxe na bagagem com relação a conhecimento?
Augusto – A história é muito rica, muitas populações viveram lá, tem muitas ruínas de impérios como o romano, grego e otomano o território se chama Anatólia por causa da grande história que possui, tem muitos Museus. O que a gente aprende aqui na escola não é nem perto do que se tem lá. A economia é agrícola e industrial voltada para o algodão, trigo e frutífera e o turismo é forte na região.
Aqui do Brasil levei para as famílias turcas o chimarrão que algo do meu costume, e comidas típicas. O chimarrão eles não gostaram muito.
Correio dos Lagos – Voltaria para a Turquia?
Augusto – Para passear com certeza, para morar ainda não sei.
Correio dos Lagos – Se tiver outra oportunidade de fazer intercâmbio, para onde iria?
Augusto – Gostaria muito de conhecer a Inglaterra.
Correio dos Lagos – Terminando o ensino médio, pretende fazer faculdade?
Augusto – Sim, estou avaliando ainda o que fazer, mas creio que irei para área do direito.
O que vivi nesses dez meses jamais esquecerei, foi uma experiência que marcou a minha vida, lembrarei para sempre as pessoas que encontrei lá, sou grato ao Rotary e a Turquia por essa oportunidade, jamais poderei falar tudo que vi e vivi.

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