Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
A CRIANÇA PRECISA BRINCAR
João Maria
A
o brincar, a criança transforma o seu mundo em realidade. O que antes era fantasia e imaginário, agora vincula-se ao real. A partir do brincar, o indivíduo faz conexões (entre o que lhe pertence e o que pertence ao meio), torna o inconsciente em consciente, permeia uma realidade adulta e formal com conceitos existentes e originais.Observa-se no ato de brincar a busca de um processo identificatório. É muito mais do que se descobrir um sujeito constituinte de uma sociedade; é se descobrir como um ser único no que tange o processo de individuação da personalidade. O sujeito que brinca faz uso intenso da sublimação, não faz sentido de se defender de uma neurose, mas no sentido de transferir para o meio toda a motivação e energia presentes dentro de si.
Na infância, ao mesmo tempo em que questionamos o mundo ao qual estamos inseridos, produzimos subjetividade, ou seja, somos seres pensantes. Pode-se dizer que configuramos espontaneamente tudo o que nos toca intimamente.
É comum surgirem os primeiros sinais de talentos e habilidades especiais nesta fase do brinquedo. A criança, de certa forma, atinge um equilíbrio interior, tornando-se mais madura, sociável e empática. Seus impulsos dirigem-se para o caminho do conhecimento. A libido está a todo vapor.
Brincar é coisa séria: A importância do brincar está relacionada ao interjogo entre a realidade psíquica pessoal e a experiência de controlar objetos reais. Ou seja, é agindo e interagindo com o meio que a criança se descobre subjetiva e realmente.
É no processo de aprendizagem que a criança coloca seus desejos em prática, questionando professores, solucionando problemas de modo a combinar idéias de diferentes campos do pensamento (por exemplo: leitura referente a algum tema e elaboração de conceitos acerca deste).
Este processo proporciona à criança uma sucessão de idéias, pensamentos, sensações, impulsos. O que antes era apenas algo seu, agora se expande para o social, mais precisamente para o contexto escolar. Ela começa a expor sua criatividade a outrem, usando sua comunicação.
A escola também pode ser considerada o reflexo do brincar, pois tudo o que é projetado pelo aluno no âmbito escolar, está certamente ligado aos mais primitivos estágios da vida, à sua mais remota infância.
Neste ambiente, as brincadeiras ficam mais sérias. O ato de brincar segue com maior seriedade. Torna-se um processo educacional, um artifício engenhoso, visando a ampliar a aquisição do conhecimento e sabedoria do sujeito para lidar com maior eficácia ante as complexidades do meio.
Em todo o brincar, nossa participação se faz com o corpo e a alma. Um depende do outro e constantemente se fundem. Na aprendizagem não poderia ser diferente. Para compreender o mundo em que vivemos e realizar questionamentos plausíveis precisamos estar vinculados a ele. Só assim estaremos inspirados para aprender.
A criança é um ser com inúmeras potencialidades, emergindo alegria e felicidade, aspectos expressos no brincar. Para ela brincar é a sua realidade enriquecida, humanizada e personalizada. O que passa em sua mente é transposto ao lúdico, pois, conforme a educadora Jaqueline Harres, "a busca infantil em compreender o mundo em que se vive está no ato de brincar".
Você costuma brincar com as crianças?
"Não matem os sonhos das crianças".
"A pessoa que não brinca não é uma pessoa séria".
João Maria da Silva
Mundo Jovem ? outubro de 2007 ? p. 11
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