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CONSUMISMO

Por João Maria

Consumir: desejo ou necessidade? Na vida há coisas que são básicas. Sem elas não tem como viver. Por exemplo: comer, beber, vestir, dormir? É aceitável dizer, também, que existem outras necessidades que poderíamos chamar de secundárias, como, ter automóvel, um computador, um televisor etc. Outras coisas ainda podem ser consideradas supérfluas. Porém, o tema é mais complexo do que parece.

O que para uns é desprezível, sem valor e desnecessário, para outros pode se tornar uma necessidade de primeira grandeza. Mas o que é que faz das mesmas coisas-objetos com valores distintos? Aí entra um elemento fundamental, que é o desejo. Sem ele, aliás, não se vive. Fomos feitos seres desejosos e desejantes. Quem vive é porque assim o deseja, muito embora nem sempre deseja viver tal como vive.

Consumo incontrolável? Efetivamente, entre os maiores desejos de todo ser humano está o de ser feliz. Como sê-lo enfim? É certo que não há fórmulas, modelo ou padrão para tanto. A felicidade é uma busca. Neste sentido há inúmeros caminhos. Convém ressaltar que o sistema sob o qual vivemos aponta um único caminho, e recomendo que para ser feliz é preciso consumir. Assim, o desejo fica condicionado a um conjunto de necessidades que vão sendo criados e estimulados no público consumidor. Consumir virou um dilema pontiagudo e uma obsessão incontrolável dos tempos modernos.

Por um lado, estamos certos de que está errado que uma multidão não tenha condições para adquirir os produtos de necessidade básica. E isso se deve à contradição que dá sustentação ao capitalismo globalizado. De outra parte, há uma ordem que parece vir de todos os quadrantes do mundo e que estimula o consumo para além das necessidades.

Educar os desejos: A questão é bem mais ampla. Se cedermos a todas as tentações do desejo, em breve não haverá condições reais para satisfazer as necessidades elementares de toda a humanidade. Trata-se de pensar o que, quanto e como estamos consumindo. Junto com isso, faz-se necessária uma educação permanente do desejo. Monitorar o desejo é uma tarefa de todos e em todos os lugares. O vírus do consumismo está dentro de nós e muito dificilmente alguém seja imune a ele.

Podemos educar o desejo para consumir o que o mercado nos vende como necessidade e como produto de felicidade. Desejar para além do desejo do consumo, ou seja, pretender um novo paradigma, com ética, justiça e responsabilidade é o grande desafio.

Poderemos viver juntos? Esse é o título do livro do sociólogo Alain Jouraine. E é mesmo instigante. Se não reeducarmos nossos desejos e orientações pessoais e sociais, não teremos mais possibilidade de viver juntos por muito tempo. O nosso dilema se mostra cada vez mais sério: preservar ou continuar dilapidando os recursos naturais? Como seres coletivos que somos, temos o direito de consumir segundo as nossas necessidades, mas não podemos transformar todos os desejos emergentes em necessidades!

P.S.: "De que adianta o homem ganhar o mundo se perder a sua alma". (Bíblia Sagrada).

João Maria da Silva

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