Há pessoas materialistas: Pobres. Miseráveis. Possuem apenas bens materiais, dinheiro e contas bancárias. Toda pessoa materialista merece piedade. Ela apenas crê no que toca. Vive em função da realidade que vê, toca e proporciona lucro e prazer para si. Gasta o rápido tempo da sua existência no pequeno mundo da produção e do consumo. Cria um mundo ao redor de si. É essencialmente egoísta. Fechada em si mesma esquece de olhar para cima. O mundo tem o limite de suas mãos. Morrendo, acaba ali onde acaba seu corpo e seus desejos limitados.

Há pessoas espiritualizadas: Vão além de si. Ultrapassam a realidade material. Tudo tem um sentido e uma razão. Todas as coisas são janelas abertas para o infinito. Há uma presença de um ausente em cada ser. Tudo se interliga. Sabe olhar para o alto. As estrelas, mesmo sem possuí-las, fazem parte de seu mundo. A pessoa envolvida em espiritualidade necessariamente se torna um artista. Cria e vibra com a beleza. Em cada criatura há uma música e uma obra de arte a ser recriada. Toda pessoa espiritualizada carrega dentro de si um Michelangelo ou um Mozart. Negar-se a ser artista é negar-se a ser pessoa.

São Francisco: Há pessoas que são sinais. Apontam um caminho. Acenam para um ponto de chegada. A pessoa de Francisco de Assis é uma dessas. Não se contenta em ser cidadão da terra. A terra é pequena demais para seus sonhos! A terra é um limite. Francisco nos aponta o universo e o cosmo como casa e destino de toda criatura humana. Ser eternidade é vocação de todo ser humano, feito "à imagem e semelhança de Deus". Não é a terra nosso limite, e, sim, o universo. Em cada dia, novas manchetes científicas trazem a feliz notícia de um cosmo sem fim.

Todo cientista e todo adepto de Lei da Atração, terra em Francisco o modelo de pessoa que atrai para si todo o Bem, o Sumo Bem, o Altíssimo Bem.

Todas as árvores, flores e frutas têm alma, diz Francisco. É Deus que fala pela voz dos pássaros e dos animais. Tudo é fraterno.

Irmãos e irmãs. Não há inimigos. Nem há raças e classes sociais. Há um ideal humano: Fraternidade.

Deus não é estranho. Não há necessidade de gritos e pregações extraordinárias para se converter para Deus. É no silêncio de cada ser. Na beleza e no mistério de cada criatura. Cada ser é uma revelação de Deus e uma encarnação de Deus. O universo é Deus em sua bondade e ternura, em sua vida e amor, em sua beleza e doçura. Ele está ali ao alcance da mão, dos olhos e do coração. O fato mais estranho para Francisco é perceber que os humanos não amavam e nem viviam o amor: "Meu Deus e meu tudo, o amor não é amado".

Além de cidadão universal, ele é um sinal de que somos mais do que terra. Somos conexão como todo o universo. Essa conexão é conseqüência de sermos a encarnação privilegiada da realidade divina.

São Francisco de Assis dizia: irmão sol, irmã lua. Seu grande exemplo atravessa séculos.

Jornal Mundo Jovem ? Ano 45 ? n 381- outubro de 2007- p.18