Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
REDUZIR A CARNE VERMELHA
João Maria da Silva. Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com
Referência:
SILVEIRA, Julliane, COLLUCCI, Cláudia in Folha de S. Paulo – 24 de março de 2009 – C5.
A redução da carne vermelha diminui mortalidade. É o que conclui uma pesquisa publicada no "Jama-Revista da Associação Médica Americana", que acompanhou 500 mil pessoas durante dez anos. Para os pesquisadores, 11% das mortes em homens e l6% em mulheres, poderiam ser adiadas com a redução da carne vermelha.
Um estudo divulgado no "Jama" aponta relação entre o consumo de carne vermelha e carnes processadas e maior número de mortes por câncer e problemas cardiovasculares. A pesquisa, uma das maiores já realizadas, analisou dados de 500 norte-americanos de 50 a 7l anos de idade.
Em dez anos de acompanhamento, morreram 47.976 homens e 23.276 mulheres. Para os pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% das mortes em mulheres poderiam ser adiadas se houvesse redução do consumo de carne vermelha para 9 g do produto a cada 1.000 calorias ingeridas – o grupo que mais ingeriu carne vermelha (68 g a cada 1.000 calorias) foi o que apresentou maior incidência de morte.
No caso das doenças cardiovasculares, a diminuição dos riscos chegaria a 21% nas mulheres se houvesse redução. "A carne processada tem mais sal e gordura saturada, o que aumenta chances de doenças cardiovasculares", diz Daniel Magnoni, nutrólogo e cardiologista do Hospital do Coração. Para o cardiologista Marcos Knobel, coordenador da unidade coronária do hospital Albert Eisntein, além da gordura da carne, o problema é o preparo e os outros alimentos que são somados à refeição. "Se a pessoa come um bife à milanesa ou um bife com ovo frito, já estourou de longe a cota de colesterol".
Além disso, ele alerta para os condimentos. O sal aumenta o risco de hipertensão arterial sistêmica. Se a carne for processada, é pior porque, além do sódio, geralmente tem óleos para a conservação..
Câncer – Os riscos de câncer estão principalmente relacionados à forma de preparação de qualquer tipo de carne. Sabe-se que, durante o cozimento em altas temperaturas, são formadas aminas heterocíclicas, substâncias reconhecidamente cancerígenas. As maiores temperaturas são atingidas ao grelhar e fritar com pouco óleo o alimento. Por esse motivo, indica-se a preparação no forno ou em um cozido.
O churrasco também traz perigo. Durante a preparação a fumaça do carvão libera alcatrão e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, substâncias também cancerígenas. A associação é feita principalmente com as carnes vermelhas, porque elas são preparadas mais frequentemente em churrasco ou na chapa, afirma Fábio Gomes, nutricionista do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Segundo o cirurgião oncológico Benedito Mauro Rossi, do Hospital A. C. Camargo,
A relação entre consumo de carne e câncer está muito estabelecida, inclusive no Brasil. A distribuição geográfica do câncer do intestino, por exemplo, mostra que no Amapá a incidencia do tumor é de 1,51 caso por 100 mil habitantes, enquanto no Rio Grande do Sul, a terra do churrasco, a incidência é de 28,5 por 100 mil habitantes.
Outro mecanismo desencadeante de câncer seria o excesso de ferro no organismo, ocasionado pelo alto consumo de carne vermelha, importante fonte do mineral. Muito ferro pode causar danos oxidativos e agredir as células do intestino grosso, o que leva ao câncer.
Já as carnes processadas, como linguiças, charque e hambúrgueres, são conservadas com nitratos, substâncias, que, no estômago, são transformadas em nitrosaminas, que aumentam as chances de ocorrer um câncer no estômago e no intestino. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que a ingestão de carne (excluindo frango e peixe) não ultrapasse os 300 g por semana.
Como a carne vermelha é boa fonte de ferro, é indicado aumentar o consumo de vegetais folhosos verde-escuros, também ricos no mineral.
A carne vermelha com consumo equilibrado previne riscos de câncer e doenças cardiovasculares.
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