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SAL DE COZINHA

Por João Maria

Brasileiro consome o dobro de sódio indicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).Excesso pode aumentar pressão arterial e levar às doença cardiovascular e renal.

Segundo pesquisa da Faculdade Pública da USP, consumo exagerado independe da região e da faixa de renda da família.

O consumo diário de sódio pela população brasileira está duas vezes e meia acima do limite preconizado pela OMS. Diferentemente de países desenvolvidos – em que a principal fonte de sódio são os alimentos industrializados -, o vilão da mesa dos brasileiros é o tempero adicionado à comida, o que inclui o sal de cozinha propriamente dito e condimentos feitos à base de sal, que correspondem a 76% de todo sódio consumido.

Os dados são de uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e Publicada recentemente na "Revista de Saúde Pública". Os pesquisadores apontam que a quantidade diária de sódio disponível para consumo é de 4,5 g por pessoa, sendo que a ingestão máxima recomendada pela OMS é de 2 g.

A pesquisa também concluiu que o consumo exagerado independe da faixa de renda das famílias analisadas e da região do país em que elas moram.

Para chegar a esse valor estimado, os pesquisadores usaram como referência os dados da última POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2003. Foram analisados 969.989 registros de aquisição de alimentos em uma amostra de 48.470 domicílios.

Os riscos – O sódio está presente naturalmente em vários alimentos e seu consumo moderado é necessário para o bom funcionamento do organismo. É ele que mantém o volume de líquidos no corpo, evitando a desidratação, por exemplo.

Mas a ingestão em excesso pode provocar problemas de saúde e o pior, de maneira silenciosa: os efeitos no organismo não são imediatos e as pessoas podem demorar anos para apresentar sintomas.

"Se o sódio estiver em excesso no organismo, os rins não conseguirão eliminá-lo. Assim, ele vai provocar retenção de água e aumentar a pressão arterial, causando problemas cardiovasculares e renais. Ele não causa efeitos imediatos, mas traz problemas a longo prazo", diz João César Castro Soares, endocrinologista e nutrólogo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

De acordo com Soares, o sódio normalmente é adicionado aos alimentos industrializados, pois ele tem efeito bactericida, melhora o sabor e ainda ajuda a evitar que a comida estrague.

"A adição de sódio nos alimentos está muito relacionada com o paladar os brasileiros, pois ajuda a acentuar o sabor".

Sarno diz ainda que a quantidade diária de sódio na alimentação de pessoas hipertensas ou com problemas renais deve ser em torno da metade preconizada pela OMS. "O consumo recomendado é para pessoas saudáveis e não leva em consideração problemas de saúde associados. Assim, eventualmente, essa restrição do consumo deve ser ainda mais rigorosa."

Reduzir o sal – Como o sódio está presente naturalmente na composição dos alimentos, uma das formas de reduzir o consumo é evitar alimentos industrializados e não salgar a comida.

"Uma forma saudável de temperar os alimentos seria utilizando ervas frescas ou secas, cebola, cebolinha, salsinha", sugere a nutricionista Renata Padovani, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp e membro da equipe da Taco.

Sal pode ser antidepressivo natural – Pesquisadores da Universidade de Iowa sugerem que o sal cozinha pode ser um antidepressivo natural. Em estudo feito com ratos, eles concluíram que aqueles que tinham deficiência de sal paravam de realizar atividades prazerosas. Eles acreditam que o déficit de sal pode estar associado à perda de prazer e à depressão.

 

João Maria da Silva

 

Referência:

BSSETTE, Fernanda. In Folha de S. Paulo – l2 de março de 2009.

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