Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
TRABALHO
Po João Maria
Recriar o mercado e as oportunidades. O mundo do trabalho complexo e exigente de hoje produz a escassez de oportunidades. Esta realidade sugere atitudes de superação e grande dinamismo de todos nós. As oportunidades não estão dadas, mas precisam ser criadas e recriadas, a partir dos contextos em que somos envolvidos ou convidados a participar. O que gera conflito e apreensão entre nós, no entanto, são as amarras que nos prendem a um paradigma, modelo de formação e educação que considera a espera, e não a busca, elemento fundamental para a inserção do mundo do trabalho.
Falta-nos instrumentos que ativem mais nossa criatividade e nosso dinamismo, e menos as atitudes passivas como a acomodação e a espera. Todas as oportunidades de trabalho que criamos ou que nos aparecem geram uma grande expectativa. Sabemos lidar com as expectativas? Conseguimos tirar lições de cada processo de seleção que participamos, independentemente do resultado? Nossas tentativas de inserção no trabalho são investimentos ou são meros fins em si mesmos?
Trabalho e dignidade ? O trabalho é um fator dignificante do ser humano. Trabalhar, para além de propiciar a condição de sermos úteis e partícipes do mundo, nos dá também, emancipação e dignidade humana. Quem trabalha, preferencialmente naquilo que gosta de fazer, investe seu tempo, sua energia e suas habilidades de tal modo que o trabalho passa a também significar sua vida.
Todos precisamos trabalhar. Nem todos, infelizmente, temos as condições de nos dignificar com o trabalho. É muito bom quando as circunstâncias de nossa vida intelectual coincidem com as oportunidades profissionais capazes de nos envolver com as nossas melhores energias e desejos. Porém, nem sempre acontece assim.
Trabalho X emprego ? Outra coisa a considerar é que não vivemos uma crise de trabalho, mas uma crise de emprego. O mundo, a humanidade, por sua dinâmica de evolução, cria constantemente novas necessidades que exigem dedicação, competências e esforços humanos.
As políticas públicas que envolvem a temática do trabalho como a educação, a intermediação da mão-de-obra e a formação profissional precisam, urgentemente, auxiliar os trabalhadores numa melhor compreensão do mundo do trabalho.
Do mesmo modo, devem permitir a construção de outras habilidades que permitam recriar esse mundo. Essas não são responsabilidades exclusivas de indivíduos e profissionais, mas de uma sociedade inteira que precisa se re-organizar, a partir da garantia de um trabalho para todos. Não permitamos, pois, que o dinheiro público ajude a financiar as nossas frustrações e expectativas profissionais. \"Tempos difíceis têm um valor científico. São as oportunidades que um bom aprendiz jamais perde (Ralph Waldo Emerson\".)
João Maria da Silva
Nei Alberto Pies em Jornal Mundo Jovem ? Ano 46 ? n. 386 ? maio de 2008 ? p. 11
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