Futuros doutores: filhos de Anita dedicados aos estudos
A carreira de estudante começa cedo, mas nem todos que iniciam no pré-escolar chegam à conclusão das sequentes etapas de estudo. Cursar o ensino superior é um sonho de muitos, afinal, significa a capacitação profissional. E têm aqueles que desejam ir além, fazendo pós-graduação, mestrado e doutorado.Contamos nessa edição a trajetória de dois anitenses que em breve serão doutores, ambos tendo a base escolar em Anita Garibaldi.
Cláudia Regina Appio Duarte cursa doutorado em Ciência Animal e Ricardo Grunitzki em Computação. Os futuros doutores contam em entrevista cedida ao Correio dos Lagos sobre a experiência que atualmente vivenciam, bem como os planos futuros após legitimamente ser doutores. Confira!
Ricardo Grunitzki
Filho de Marco Antônio Grunitzki e Claudete Dutra Grunitzki, Ricardo (24 anos), frequentou a Escola de Educação Básica Padre Antônio Vieira, em Anita Garibaldi e seguiu estudando. Em 2018 o jovem pretende concluir doutorado, a realização de um sonho baseado em dedicação e comprometimento.
Correio dos Lagos - Em qual curso se graduou?
Ricardo Grunitzki - Sou graduado em Sistemas de Informação, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), no Centro de Educação Superior do Alto Vale do Itajaí (CEAVI), em Ibirama - SC.
Correio dos Lagos - Por que optou por escolher essa determinada área de graduação?
Ricardo - No ensino médio eu estava em dúvida entre os cursos de Agronomia, Medicina Veterinária e Computação. Na época, optei por Computação porque julguei que teria mais oportunidades de emprego do que as demais áreas.
Correio dos Lagos - Atualmente cursa doutorado em qual instituição e em qual área especificamente?
Ricardo - Curso doutorado em Computação, no Instituto de Informática (INF), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Minha linha de pesquisa é inteligência artificial, mais especificamente, na área de sistemas multiagente e aprendizagem por reforço multiagente. As pesquisas que tenho desenvolvido, geralmente, são aplicadas para resolver problemas de mobilidade urbana, como roteamento de veículos e controle semafórico, em ambientes simulados.
Estou no curso de doutorado há dois anos e meio. Entrei no curso em fevereiro de 2014 e devo finalizá-lo até fevereiro de 2018. Vale lembrar que o programa de pós-graduação em computação da UFRGS possui nota máxima (nota CAPES 7) na avaliação da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o que o torna um dos melhores cursos de pós-graduação em Computação do país.
Correio dos Lagos - Fazer o doutorado sempre foi seu sonho?
Ricardo - Não. Quando iniciei o curso de graduação, a possibilidade de fazer doutorado nem se passava pela minha cabeça. O interesse surgiu quando eu comecei a me envolver com atividades de ensino, pesquisa e extensão através do programa de bolsas oferecido pela UDESC. Fui bolsista durante os 4 anos de minha faculdade. Esta experiência me aproximou de diversos professores, os quais me despertaram o interesse na pesquisa e em fazer pós-graduação strictu-sensu (mestrado e doutorado).
Correio dos Lagos - Como foi à trajetória até chegar à fase em que vive atualmente?
Ricardo - No meu último semestre de faculdade comentei com um professor da graduação (Prof. Msc. Fernando dos Santos) que eu tinha interesse em me candidatar em um programa de mestrado, em instituição pública, sob a condição de recebimento de bolsa. Ele, então, me colocou em contato com alguns professores conhecidos que atuavam em programas de pós-graduação em Computação. Entre estes professores estava a minha atual orientadora do doutorado (Profa. Dra. Ana Bazzan). Fiz algumas entrevistas via vídeo conferência, nas quais tive que demonstrar conhecimento e afinidade com a pesquisa. Após a entrevista, ela sugeriu que eu me candidatasse a uma vaga no programa de pós-graduação da UFRGS, sob a orientação dela. Participei do processo seletivo da UFRGS e fui aprovado. Também consegui obter uma boa nota no Exame Nacional para Ingresso na Pós-Graduação em Computação (POSCOMP), a qual me garantiu uma bolsa de mestrado financiada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Durante o primeiro ano de mestrado (2013), participei da elaboração de um projeto de pesquisa, o qual foi aprovado e me garantiu uma bolsa de doutorado. Em função da aprovação deste projeto, tive que adiantar a defesa do meu mestrado para poder participar do processo seletivo do doutorado. Em 2014 defendi o mestrado e fiz o processo seletivo para o curso de doutorado da UFRGS. Fui aprovado no processo, e aqui estou.
Correio dos Lagos - Dedicar-se aos estudos do doutorado lhe fez abdicar de outras prioridades?
Ricardo - Certamente. O doutorado costuma ser um período conturbado na vida do estudante. Eu tive que abrir mão de muitos eventos importantes, como festas de família, formaturas de amigos, viagens de fim de ano, entre outros, para dar conta da grande demanda de estudos imposta pelo doutorado. Portanto, a qualidade de vida, por muitas vezes, tem que ser deixada de lado. Além disso, no doutorado, se abre mão de um retorno financeiro imediato, o qual é proporcionado pelo término da graduação, por mais alguns anos de preparação para só então entrar no mercado de trabalho. Este "investimento pessoal a longo prazo" foi algo que me fez refletir bastante antes de decidir encarar a empreitada. Espero ter tomado à decisão correta...
Correio dos Lagos - Qual a importância da família na sua trajetória de estudos?
Ricardo - Minha família sempre concordou com as decisões que tomei e me levaram a seguir na pós-graduação.
Correio dos Lagos - O que estudar significa para sua vida?
Ricardo - O estudo é a minha ferramenta de trabalho, seja para transmitir o conhecimento existente ou para contribuir para com o avanço da ciência. O estudo é uma etapa inerente às minhas atividades diárias. É através dele que, no doutorado, se identifica limitações de soluções existentes e se propõe soluções que supram tais limitações.
Correio dos Lagos - O que o município de Anita representa para você?
Ricardo - Foi em Anita que vivi os melhores anos da minha vida. Também é em Anita que vive a maior parte das pessoas que quero bem. Portanto, Anita é parte de mim.
Infelizmente, para seguir a carreira que optei, fui forçado a me distanciar um pouco deste lugar tão querido. Espero, no futuro, poder estar mais próximo a Anita. Quem sabe, contribuir para construção de uma Anita que ofereça oportunidades para os jovens que constantemente são forçados a deixar a cidade para procurar oportunidades em outros lugares.
Correio dos Lagos - Quais são suas projeções e sonhos futuros?
Ricardo - Minha prioridade, no momento, é a conclusão do doutorado. Após isso, considero várias possibilidades: concurso para professor universitário em universidade pública; trabalhar em empresas que investem em pesquisa; ou me dedicar aos projetos pessoais que venho desenvolvendo em segundo plano (que variam de desenvolvimento de robôs que investem no mercado de ações a softwares de reprogramação de injeção eletrônica de veículos).
Cláudia Regina Appio Duarte
Filha de Rui Cândido Duarte e Margarida Appio Duarte, Cláudia (30 anos) frequentou a Escola Padre Antônio Vieira e em 2002 passou a residir na cidade de Lages para estudar. Nesses 14 anos ela fez duas faculdades, mestrado e agora se dedica ao doutorado. Conheça mais sobre a jovem que, pelo amor aos animais, escolheu estudar e torna-se doutora em Ciência Animal.
Correio dos Lagos - Em qual curso se graduou?
Cláudia Regina Appio Duarte - Ciências Biológicas - UNIPLAC - Lages e Medicina Veterinária - UDESC - CAV- Lages
Correio dos Lagos - Por que optou por escolher essa determinada área de graduação?
Cláudia - Sempre tive interesse e facilidade nos estudos da área biológica e busquei aprofundar meus conhecimentos principalmente na área animal, através da Medicina Veterinária.
Correio dos Lagos - Atualmente cursa doutorado em qual instituição e em qual área especificamente?
Cláudia - Há um ano faço Doutorado em Ciência Animal no CAV-UDESC, em Lages, onde trabalho com cultivo celular e testes de citotoxicidade de materiais substitutos ósseos.
Correio dos Lagos - Fazer o doutorado sempre foi seu sonho?
Cláudia - Sempre foi um objetivo de vida me dedicar aos estudos e ter uma boa e contínua formação profissional, então o doutorado se tornou um passo fundamental para isso.
Correio dos Lagos - Como foi à trajetória até chegar à fase em que vive atualmente?
Cláudia - Finalizei meus estudos em Anita Garibaldi em 2002 e mudei-me para Lages, onde cursei a primeira graduação, Ciências Biológicas, na UNIPLAC. Em 2008 fui aprovada no vestibular para Medicina Veterinária na UDESC, concluindo o curso em 2013. Neste mesmo ano ingressei no Mestrado em Ciência Animal, também no CAV-UDESC e defendi minha dissertação em julho de 2015.
Correio dos Lagos - Dedicar-se aos estudos do doutorado lhe fez abdicar de outras prioridades?
Cláudia - A dedicação aos estudos acaba diminuindo o tempo de convívio com a família e amigos.
Correio dos Lagos - Qual a importância da família na sua trajetória de estudos?
Cláudia - Importância imensa, pois minha família sempre me deu suporte e incentivo para buscar as melhores oportunidades.
Correio dos Lagos - O que estudar significa para sua vida?
Cláudia - Representa realização e crescimento pessoal e profissional.
Correio dos Lagos - O que o município de Anita representa para você?
Cláudia - Anita é uma cidade bela e acolhedora, onde tive o incentivo inicial para estudar e buscar meus objetivos.
Correio dos Lagos - Quais são suas projeções e sonhos futuros?
Cláudia - Finalizar os estudos e ingressar, como docente, em uma universidade conceituada.
"Doutor é quem fez Doutorado"
Mas afinal, a quem cabe a designação de doutor? Para explicar a respeito, veja trechos do texto escrito por Marco Antônio Ribeiro Tura, jurista. Membro vitalício do Ministério Público da União. Doutor em Direito Internacional e Integração Econômica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Direito Público e Ciência Política pela Universidade Federal de Santa Catarina:
"A Lei de 11 de agosto de 1827, responsável pela criação dos cursos jurídicos no Brasil, em seu nono artigo diz com todas as letras: 'Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bachareis formados. Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos que devem formar-se, e só os que o obtiverem poderão ser escolhidos para Lentes'.
Senhores.
Doutor é apenas quem faz Doutorado. E isso vale também para médicos, dentistas, etc, etc.
A tradição faz com que nos chamemos de Doutores. Mas isso não torna Doutor nenhum médico, dentista, veterinário e, mui especialmente, advogados.
Falo com sossego.
Aliás, disse eu: tese de Doutorado! Esse nome não se aplica aos trabalhos de graduação, de especialização e de mestrado.
Os profissionais, sejam quais forem, têm de ser respeitados pelo que fazem de bom e não arrogar para si tratamento ao qual não façam jus. Isso vale para todos."


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